segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Fait Bugster






A onda verde que vem cobrindo os principais eventos automotivos mundiais chegou de vez ao Brasil. E o mais novo ativista local é o FCC II, o segundo Fiat Concept Car, apresentado no Salão do Automóvel. Quem é da casa, porém, chama-o pelo apelido dado ainda em sua fase embrionária: Bugster, em alusão à fusão dos conceitos de bugue e roadster. Movido por um motor elétrico alimentado por 93 baterias de íon de lítio ligadas em série, o protótipo nasce com a missão de ser ecologicamente correto e, ao mesmo tempo, garantir diversão e prazer ao dirigir. Para saber se ele pode cumprir essa tarefa, lá fomos nós para a pista.


Pulo para dentro do cockpit e assumo o volante. Uma inspeção visual mais detalhada revela pequenas falhas de acabamento no interior: superfícies mal lixadas, encaixes assimétricos, folgas no painel. Tudo bem, carro-conceito é assim mesmo, artesanal. Giro a chave no contato e o único som que escuto vem da dianteira. Libero o freio de mão e não encontro a tradicional alavanca de marchas. O seletor do câmbio fica no centro do painel, ativado por teclas (N, D e R) protegidas por uma máscara única, como em fornos de microondas. A Fiat diz que é o câmbio automatizado Dualogic adaptado para orquestrar o motor elétrico.


A celero fundo, mas não passo dos 40 km/h em plena reta. Há algo errado. Onde estão os 80 cv de potência e os 22,9 mkgf de torque anunciados pela Fiat? Mais alguns metros e o Bugster pára de funcionar. No painel, o indicador de carga de bateria – um marcador de combustível convencional adaptado – mostra que está tudo bem.


Estilo e desenho radical o Bugster tem. Boas iniciativas, como o motor elétrico e os materiais recicláveis, também. Assim, dá para dizer que o conceito tem potencial para oferecer diversão sem impacto ambiental. Só precisa amadurecer.

Novo Chevrolet Traverse




Os fabricantes de automóveis não podem mais dormir no ponto: só terá chance de sobreviver quem se adequar com agilidade e qualidade às constantes mudanças do mercado. Tão óbvio quanto verdadeiro, esse é o discurso básico de consultores e analistas americanos. Na prática, o Traverse é a resposta da Chevrolet a essa nova realidade. No Brasil, a marca ainda não tem uma definição sobre o início de sua comercialização. Diz apenas que a unidade apresentada no Salão 2008 – a mesma que você vê aqui – veio para que a marca pudesse “sentir” a reação do público. Fontes ligadas à fábrica antecipam que o Traverse chegará para valer no segundo trimestre de 2009, mesmo período em que ocorrerá o início das vendas no México.
O Traverse pode acomodar até oito ocupantes em seus bancos rebatíveis e tem sistema de tração capaz de vencer os obstáculos de uma estradinha de terra.Para quê, se eles se rebatem ao nível do piso, formando um porta-malas de até 3 340 litros? Então viriam os entusiastas dos mais poderosos utilitários esportivos: “O sistema de tração do Traverse só divide o torque por eixo (dianteiro e traseiro), não por roda”. Para quê, se as pesquisas das montadoras indicam que esse tipo de veículo é utilizado 98% do tempo no asfalto e quando encara uma lama é para vencer a estradinha para o sítio?
Apesar dos 5,21 metros de comprimento, o Traverse impressiona pelo desenho, não apenas pelo porte. De perfil, exibe volumes sinuosos, sem cortes retos e truncados. A frente traz a nova identidade da marca, com a gravata dourada no centro. Lanternas horizontais, vidro com linha inferior em V e pára-choque integrado à carroceria dão esportividade à traseira do CUV – Veículo Utilitário Crossover, como está sendo chamada essa nova categoria.
Apesar de ter a “cara” do sedã Malibu), o Traverse é montado sobre uma plataforma própria, a Lambda, uma base desenvolvida para os novos crossovers do grupo General Motors. Buick Enclave, Saturn Outlook e GMC Acadia são o Traverse vestido com a roupa característica de cada marca. Em 2012, a Cadillac deve apresentar um Escalade montado sobre a plataforma Lambda.
Na cabine, o desenho do volante e a disposição dos instrumentos remetem ao Captiva. O acabamento émuito bom, sem espaços exagerados ou irregulares entre os componentes de forração. “Se o dólar colaborar e o Traverse vier mesmo, posso garantir que chegará apenas na versão topo-de-linha, LTZ”, afirmou extra-oficialmente um diretor de concessionária que pediu para não ser identificado. É a versão que a GM expôs no Salão e cedeu para nossa avaliação. A lista de equipamentos é extensa. Começa com auxílio de manobras em ré, com câmera na tampa traseira e monitor no console, e vai até um sistema eletroidráulico de abertura e fechamento do porta-malas. Há ainda requintes dispensáveis no Brasil, como os dispositivos de aquecimento dos retrovisores externos e da água do lavador dos vidros. Os bancos dianteiros contam com sistemas de ventilação e aquecimento.

Família reunida, pé na estrada e um bom filme no DVD player com tela no teto (entre a primeira e a segunda fileira) para distrair os convidados. Na unidade avaliada, a segunda linha trazia dois bancos individuais – o espaço entre eles permite caminhar paraalcançar a terceira fileira, com três lugares. Há ainda a opção de três lugares também para a segunda linha – em ambos os casos, encosto e assento se sobrepõem e são deslocados para a frente, como no Captiva. O Traverse acomoda 739 litros de bagagem – rebatendo- se a última fileira, sobe para 1 934 litros.

Em sintonia com os novos anseios do mercado, a plataforma Lambda foi desenvolvida para receber motores V6, considerados pequenos frente aos V8. O motor eleito para equipar o Traverse é o mesmo V6 24V de 3,6 litros do Captiva, porém com adoção de um sistema de injeção direta de combustível nos cilindros capaz de ampliar a potência (de 261 cv a 6 500 rpm para 292 cv a 6 400 rpm) e o torque (de 32,9 mkgf a 2 100 rpm para 37,3 mkgf a 5 500). Na pista circular da Chevrolet em Indaiatuba (SP), o crossover provou que a opção foi acertada: é esperto em acelerações e retomadas e só pára nos 161 km/h porque é barrado eletronicamentepor questão de segurança. Mesmo na velocidade máxima, a suspensão transmite total sensação de controle, diferentemente dos freios, que, apesar de assistidos eletronicamente, sentem mais os efeitos do corpanzil de 2 234 kg. Mas justiça seja feita ao câmbio automático (Hydra-Matic 6T75) de seis marchas: é dele também a responsabilidade pelo bom comportamento dinâmico do Traverse. Além de bem escalonado, trabalha em silêncio e com suavidade, como convém a exemplares dessa categoria. O sistema de tração funciona sob demanda entre os eixos dianteiro etraseiro, ou seja, transfere mais torque para o eixo cujas rodas têm aderência – no asfalto, o sistema eletrônico seleciona somente a tração dianteira.