domingo, 1 de fevereiro de 2009

Nissan GT-R





O Nissan GT-R é uma lenda entre os superesportivos. Mas a maioria das pessoas que já fizeram o depósito para reservar um exemplar de sua mais nova versão nunca deve ter visto um GT-R de perto. O carro, que está na quinta geração, sempre foi um produto local, fabricado e vendido apenas no Japão. E só ficou conhecido mundialmente depois de aparecer em um jogo eletrônico, o Gran Turismo, da Playstation. Dos consoles para a tela foi um pulo, e o GT-R estreou no cinema em filmes como Velozes e Furiosos. Mas a própria Nissan reconhece que foi o game, com mais de 48 milhões de cópias vendidas no mundo, que popularizou o carro.
A inclusão do GT-R como estrela do videogame não foi por acaso. A Sony, dona da Playstation, escolheu esse esportivo em razão do sucesso dele nas pistas de corrida do Japão. O GT-R já era herói das histórias em quadrinhos, antes de se tornar lenda digital.
A quinta geração do GT-R reafirma a tradição de alta performance, mas apresenta generosas doses de conforto, uma vez que agora terá carreira internacional. Segundo a Nissan, sua intenção foi fazer um carro para ser dirigido a qualquer momento, em qualquer lugar e por qualquer pessoa.
O novo GT-R tem acabamento primoroso, como um modelo de luxo, e porta-malas de hatch compacto, com capacidade para 310 litros de bagagem. Mas, em um primeiro momento, o que mais nos chamou a atenção foi mesmo a aptidão esportiva. Seu lado agressivo se impõe no design com a grande entrada de ar, na dianteira, e as linhas angulosas da carroceria. Segundo o vice-presidente de design da Nissan, Shiro Nakamura, o objetivo do design foi esse mesmo, transmitir a idéia de um carro de alto desempenho capaz de atingir os 310 km/h de velocidade e de acelerar de 0 a 100 km/h em 3,5 segundos.
No interior, os bancos tipo concha, o desenho do volante e o painel envolvente criam o clima da velocidade. Na parte superior do console, há uma tela que traduz tudo o que acontece com o carro. O display desenvolvido com a ajuda do pessoal da parceira Sony mostra informações que vão da temperatura do óleo até a indicação da força g sobre o carro e da quantidade de torque distribuído para as rodas.


O mais impressionante do GT-R fica escondido, porém. O motor V6 3.8 biturbo gera 480 cv de potência a 6 800 rpm. E, assim como os Mercedes AMG, ele é montado manualmente por um engenheiro da fábrica da Nissan, em Yokohama, no Japão, em uma sala livre de pó e com temperatura controlada. O GT-R é construído sobre uma nova plataforma em que o motor vai instalado na posição central-dianteira e a transmissão (câmbio e diferencial), na traseira. Essa disposição permitiu distribuir melhor o peso do carro, para trás e para baixo, e liberou espaço para as pernas do motorista e do passageiro, na dianteira. A carroceria é feita de fibra de carbono, na dianteira, alumínio, na parte central, e aço, nos painéis da plataforma. De acordo com o engenheiro-chefe, Kazutoshi Mizuno, que nos apresentou o carro no Estoril, essa colcha de retalhos foi a melhor forma de encontrar a rigidez e o amortecimento ideais para o chassi. O resultado foi superior ao que se poderia conseguir com uma carroceria feita de um único material, diz.
O GT-R é um carro que recebe bem os motoristas. A posição de dirigir é típica de esportivo (baixa e alinhada com os pedais e com o volante), mas há conforto na cabine para quem adota um estilo de dirigir mais relaxado. Os instrumentos são de fácil leitura e os comandos são encontrados de forma intuitiva pelo motorista. Depois que a adrenalina de pilotar no autódromo já estava mais baixa, pude explorar os recursos a bordo (com o som Bose) e entender por que a Nissan fala que o GT-R pode ser dirigido por qualquer pessoa, em qualquer tempo e lugar. O câmbio seqüencial de seis marchas pode ser usado no modo manual ou automático; a suspensão (duplo A na frente e multilink atrás) conta com três tipos de calibragem (Comfort, Normal e R); e o controle de estabilidade (VDC-R) pode funcionar em três níveis de assistência. No modo Normal, o controle é total. Todos os sistemas eletrônicos de chassi, como o ABS e o controle de tração, garantem a segurança atuando sobre motor e freios. Na opção R, a intervenção, se necessária, ocorre apenas na distribuição do torque para as rodas, através do sistema de tração nas quatro rodas. E no modo Off (desligado) o motorista fica apenas com o auxílio do ABS.



Com os sistemas ajustados nos padrões Comfort e Normal, o GT-R é um carro rápido, mas dócil, podendo ser dirigido no trânsito de uma cidade grande sem cansar o motorista. O motor se torna silencioso, as trocas de marcha ocorrem de maneira suave e em rotações baixas e a suspensão se comporta como a de um carro de passeio. No modo R, o GT-R fica arisco, o giro do motor cresce, as trocas de marcha ocorrem em tempos menores e a suspensão enrijece. Como no game, o GT-R se transforma em um carro de corrida, que pode ser levado ao extremo da dirigibilidade. Só que, nesse caso, o pára-brisa à frente não é uma tela de TV. É bom se lembrar disso para se sair bem no jogo em que a vida imita a arte.







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