domingo, 25 de janeiro de 2009

Chevrolet Vectra GT




Nos últimos três anos, enquanto o segmento de sedãs médios crescia fortemente, os hatches perdiam terreno. As fábricas pisaram no freio e deixaram de atualizar seus modelos – o que só colaborou para diminuir ainda mais sua participação. A GM enxergou nessa situação uma oportunidade para ganhar mercado e o Vectra GT é o resultado.
O Vectra GT tem a traseira do Astra europeu, lançado em 2004. Não se trata de inspiração. Ele utiliza o pára-choque, a tampa traseira, as lanternas e o mecanismo de abertura do porta-malas do modelo alemão. A harmonia do resultado pode fazer com que se esqueça o desafio de transformar a carroceria sedã em um hatch e ainda utilizar todas essas peças, como em um quebra-cabeça. As modificações começam da coluna central para trás. Ou seja, até a porta dianteira (incluindo a mesma), os componentes são os mesmos utilizados no Vectra (tá, os faróis têm máscara preta e lâmpadas azuis). A partir daí, tudo muda. A linha de cintura do GT termina precisamente na ponta da lanterna, como no Astra europeu. As portas traseiras são 7 centímetros menores que as do Vectra e isso se deve ao fato de o GT ser 8,9 centímetros mais curto no entreeixos. Uma fonte na GM afirma que a marca produziu uma versão com o mesmo entreeixos do Vectra. Mas desistiu da idéia ao ver a baixa aceitação do público, em uma clínica de pré-lançamento.
O comprimento do GT é de 4,28 metros. Em relação ao Vectra, são 33,7 centímetros a menos. Além dos 8,9 centímetros no interior, o restante sumiu junto com o porta-malas, que teve a capacidade reduzida de 526 para 345 litros. Em compensação, o acesso melhorou. E o carro conta com bancos traseiros bipartidos de série. O GT tem quase o mesmo tamanho do Astra europeu (4,25 metros), o que ajudou na harmonia das linhas e no visual acertado.

Mesmo acreditando no poder de atração do design, a GM é modesta na hora das previsões. Estima as vendas do GT em 1 200 carros por mês. São 800 a menos que o Astra e 200 a menos que o Focus. O realismo é justificado pelo preço. A versão de entrada deve custar 60 000 reais. É mais cara que um Vectra Expression (55 900 reais). Mas vem bem equipada: traz, de série, duplo airbag e ar-condicionado digital, além de um sistema de navegação portátil. A sobreposição de preços não assusta a montadora. Ela acredita que o perfil do comprador do GT é diferente daquele que procura por um Vectra: são homens, na faixa dos 30 anos, que querem esportividade e que não têm família. São bem-sucedidos e podem, ainda, morar com os pais. Por isso, têm alto poder aquisitivo.
Por conta desse perfil, a GM mexeu na suspensão do GT para deixá-la mais esportiva. Utilizou molas mais duras para trazer mais firmeza nas curvas e rodas aro 16 - o modelo avaliado tinha rodas com aro maior e pneus de perfil mais baixo ainda. As alterações lhe deram um comportamento diferente. O GT é mais esperto nas curvas e a carroceria rola menos que a do sedã. Ficou faltando nessa receita uma relação de direção mais direta, para apimentar um pouco o comportamento do carro nas curvas. Mas, na soma geral, o hatch ganhou em estabilidade sem comprometer o conforto. Ficou divertido de guiar, ainda que não atinja o nível de dirigibilidade exemplar de um Ford Focus.
Sob o capô, o GT leva o mesmo 2.0 Flexpower, com 121/128 cv, que equipa a linha Astra e Zafira. Mas é por pouco tempo. A GM pretende promover alterações nesse motor para deixá-lo mais econômico. A preocupação faz sentido. Com álcool e na cidade, ele percorreu 5,6 km/l. Na estrada a média melhora, mas não passa dos 8,7 km/l. E como anda o GT? Confrontado com o Vectra manual que medimos em outubro de 2005, em seu lançamento, o GT se mostrou algo tímido. Apesar de ser 52 quilos mais leve - e manter as relações de marcha do sedã -, ele foi apenas 5 décimos mais rápido no teste de aceleração, levando 11 segundos para chegar aos 100 km/h. E seus números de retomada ainda foram ligeiramente piores que os do sedã. Como se não bastasse, ele também é 7 décimos mais lento em aceleração que o Astra, avaliado por nós em junho deste ano. Não custa lembrar que testamos o carro no campo de provas da GM, num modelo pré-série e com baixa quilometragem.

De acordo com a GM, o Vectra hatch equipado com câmbio manual atinge 186/189 km/h e acelera de 0 a 100 km/h em 10,8/10,3 segundos – sempre na ordem gasolina/álcool. Com a caixa automática de 4 marchas anda menos: máxima de 181/184 km/h e 0-100 km/h em 12,8/12,2 s.
Ainda assim, perguntamos à GM sobre a possibilidade de o motor de 2,4 litros - com 150 cv - estrear no hatch. A resposta continua a mesma: remota. Por conta da maior carga tributária que envolve motores com cilindrada acima de 2 litros, o GT ficaria caro. E o ganho não seria substancial. Comparações à parte, o fato é que o desempenho deste Vectra não chega a decepcionar e o carro agrada um público que busca design atualizado e esportividade ao volante, mas sem abrir mão do conforto e de uma boa lista de itens de série. Sem dúvida, uma receita saborosa para quem ainda não precisa se preocupar com família e bagagem.




Nenhum comentário:

Postar um comentário