domingo, 25 de janeiro de 2009

Nova Strada Adventure Locker




O segmento de picapes pequenas anda num marasmo de dar dó. O último produto realmente novo foi a Chevrolet Montana, lançada em outubro de 2003. E já vão quase cinco anos. Talvez seja por isso que 2009 será lembrado como o ano das picapinhas. Confirmadas estão a VW Arena, substituta da Saveiro, a derivada do 207, vem chegando também a derivada do Projeto Viva, da Chevrolet, mas possivelmente para 2010, e também há a chance de surgir uma picape sobre a plataforma B0, da Renault, com o jeitão do Sandero, assim como a substituta da Ford Courier. Só essa quantidade de novidades poderá abalar a sólida liderança da Fiat Strada, conquistada especialmente devido a suas inovações, como a cabine estendida. No ano que vem ela oferecerá cabine dupla, uma idéia que deve manter alguma vantagem à picape italiana, que já padece de um certo envelhecimento. Em todo caso, as renovações da Strada sempre conseguem dar a ela um ar jovial. Dessa vez, ela veio com mais do que apenas aparência. Veio também com o sistema Locker, que simula um bloqueio de diferencial por meio do bloqueio eletrônico da roda que fica sem tração.
Isso, em linhas gerais, transmite toda a força do motor para a roda que tem contato com o solo, o que pode ajudar a picape a sair de atoleiros, mas seu uso é muito limitado. Para que a Strada realmente pudesse ser considerada um veículo off-road, ou aventureiro, o mínimo que se esperaria da Fiat seria a adoção de um sistema de tração nas quatro rodas.
Por R$ 44.106, a picape já vem bem completa. Traz ar-condicionado, direção hidráulica e o sistema Locker. Para equipar a picape com toca-CD com entrada para iPod e capota marítima, o preço sobe para R$ 46.558. Ainda é bastante razoável em relação a um veículo pequeno com o mesmo nível de equipamentos, com a vantagem de haver a cabine estendida, que comporta compras e bagagens com mais segurança do que uma picape comum. Foi esse, aliás, o pulo do gato da Fiat: perceber que muita gente não precisava de um veículo com cinco lugares, mas queria continuar andando de carro. Na falta de um smart fortwo, uma picape serve bem ao mesmo propósito.

Se a aparência da picape está bem diferente da do modelo anterior, o interior transmite uma sensação de “já vi esse filme”. A posição de dirigir, que já foi boa, ficou relativamente pior diante de veículos de concepção mais moderna, como o VW Polo, o Chevrolet Corsa e, para não ir muito longe, o Fiat Punto. A posição de dirigir alta, que as mulheres adoram, continua alta mesmo com o banco em sua posição mínima de altura. Bom seria se ele abaixasse mais, e se o volante tivesse regulagem de distância.
Em movimento, o carro agrada. O bom torque do motor 1,8-litro fornecido à Fiat pela GM combina com o caráter utilitário da Strada, ainda que sempre soe estranho dirigir um carro italiano com um motor que resiste tanto em subir de giro. Esse é um transplante que tem data para terminar. O motor 1,9-litro (1,85-litro, na verdade) do Linea deve ser adotado em breve em toda a linha Fiat, eliminando a necessidade de usar o 1,8-litro da GM.
Acelerar ela acelera bem, com seu pouco peso e motor forte, mas o comportamento dinâmico, por melhor que seja, nunca chegará perto do de um carro de passeio comum. Na Strada, sempre sentimos uma reação de torque (o volante puxa mais para um lado que para o outro em acelerações), mas é bem leve, nada que comprometa a dirigibilidade do carrinho.

No fim das contas, a Strada Adventure continua a ser o que sempre foi: uma boa opção para quem não tem família grande e quer um carro bem equipado para rodar por aí. Essa é, ao mesmo tempo, sua maior vantagem e seu maior pecado, já que a base do Palio já está envelhecida demais. A renovação que as concorrentes trarão ao mercado será mais do que bem-vinda.

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